Pérolas da Minha Infância e Juventude (Blog N. 528 do Painel do Coronel Paim) - Jornal O Porta-Voz

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

AVE MARIA ! RECORDAÇÃO DO MEU LIVRO DO CURSO PRIMÁRIO




Ave Maria


Meu filho! termina o dia...
A primeira estrela brilha...
Procura a tua cartilha,
E reza a Ave Maria!

O gado volta aos currais...
O sino canta na igreja...
Pede a Deus que te proteja
E que dê vida a teus pais!

Ave Maria!... Ajoelhado,
Pede a Deus que, generoso,
Te faça justo e bondoso,
Filho bom, e homem honrado;

Que teus pais conserve aqui
Para que possas, um dia,
Pagar-lhes em alegria
O que sofreram por ti.

Reza, e procura o teu leito,
Para adormecer contente;
Dormirás tranqüilamente,
Se disseres satisfeito:

“Hoje, pratiquei o bem:
Não tive um dia vazio,
Trabalhei, não fui vadio,
E não fiz mal a ninguém.”
 
 

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sino, coração da aldeia

 
COMENTÁRIO DO BLOG - PREFIRO ESTA VERSÃO:

 “Sino, coração da aldeia,
coração sino da gente,
um a sentir quando bate,
outro a bater quando sente”

(Edson Nogueira Paim escreveu)


“Sino, coração da aldeia
sino, coração da gente,
um, sente quando bate,
outro, bate quando sente”
 
 
De quem são os versos? _De alguém sensível e terno, certamente. Remonta aos séculos, vem de longe o ecoar dos sinos, em tempo de guerra, em tempo de paz. Como um mensageiro, auspicioso, levando e trazendo boas notícias, alvíssareiro, confraternizando, prometendo alegria. Solidário, em lentas badaladas, cadenciadas, anunciando o luto, a agonia, o fim da vida. Como uma carta aberta, sem palavras, mas em som, no alto do campanário, para a cidade ou para a aldeia, propalando a dor mais pungente, ou bimbalhando, festivo, proclamando o brado mais vibrante. E pelas praças, e pelas ruas, subindo montanhas ou descendo vales, entrando nas casas, nos albergues, nos conventos, o repicar que é apelo, clamor, convite, sinal de alerta.
As lembranças afloram. Lembro a serra dos meus amores embrulhada em névoa, Guaramiranga, linda, amanhecendo, e, subindo para a Capela da Gruta pela alameda de ciprestes, os grupos em silêncio, braços cruzados, aconchegados, que o frio enregelava os ossos. E o sino tocando, convidando, lembrando que há “um depois” desta caminhada, invisível e eterno. A missa ia começar.
Aos domingos, um Cruzeiro no Largo da Matriz, no topo da ladeira, anunciava a proximidade da igrejinha branca onde se aglomeravam homens e mulheres, jovens e velhos, o povo da Vila, aos poucos chegando, em roupa domingueira, um véu, um missal, um terço na mão, e uma fé no coração, intensa e forte. Chovesse ou fizesse sol, na missa das dez, o frade capuchinho iria falar de Cristo, de generosidade e bem, na crença de um Deus que criara o mundo em sete dias, e por bondade se apiedava deste pobre pecador, o homem, a quem prometera o Paraíso. O sino ganhava a serra inteira, entrando nas Casas Grandes, nas Casas Pequeninas fazendo o seu convite, insistindo no apelo, e, atendendo, o coração em festa, se preparavam todos, o vestido mais bonito, o sapato mais lustroso.
Depois, na casa do Coronel Chichiu, família Mattos Brito, Dona Adelaide de Queiroz pontificava a mesa de quatro metros, a toalha branca, e o café fumegante, e os biscoitinhos caseiros desmanchando na boca, os pãezinhos de minuto para os convivas, de todos os domingos. Portas e janelas abertas, as rosas no jardim, os canteiros de amor perfeito, as violetas escondidas, a conversa amena, e um a um chegando, trocando caloroso abraço.
E o sino repicando, em festa, fazendo parte do cenário e da felicidade. Esquecer, quem pode? Ali, naquela casa antiga, de pesados portões de ferro, a vida me presenteou com dias adoráveis. Ali, me vi frente a frente com os livros, M.Delly, Max Du Veuzit,”A filha do Diretor do Circo” e meu primeiro encontro com Goethe, o maior escritor alemão, por quem, fascinada, adotei, como leme, uma frase que escreveu e que guardei de cor, e que transcrevi em todos os cadernos e livros de adolescente, como um carimbo marcando uma definição.” Dá inicio a tudo quando fores capaz de fazer ou imaginar. Na audácia há gênio, força, magia.”
Dos anos verdes, ah! como são doces as lembranças, como um compromisso, uma obrigação para avivar a cor dos valiosos tempos,voltando, vou impreterivelmente á Igreja do Pequeno Grande, preciosa, arquitetura de ferro em rebuscados arabescos, o teto de ardósia, e, na nave, a impressão é que se vai pisando em terra santa, num ontem há muito tempo perdido que por milagre perdura, trancado no coração. E nesse instante se os sinos começam a repicar, o “Ângelus”, lançando o apelo á reflexão, então se dobram os joelhos, e na nave vazia, parada a respiração, é solene o momento, a criatura frente ao Criador. O’ tempora! O’moris ! Os sinos estão ameaçados e poderão
parar!”As badaladas da discórdia” proclama a notícia no jornal. Um impacto, para o pároco do Lago Sul, a reclamação ao Instituto Brasília Ambiental (Ibram), contra as badaladas diárias da Igreja, pelo empresário ou doutor, morador nas cercanias de São Pedro de Alcântara. Estarrecido, o vigário conta apenas com trinta dias para uma explicação, uma defesa, e tentar um acordo pela poluição sonora, medida em decibéis! Dois minutos, apenas, a duração das badaladas, mas o senhor doutor não pode ter seu descanso interrompido! Mais fácil amordaçar os sinos!
Com a notícia, lembrei que há algum tempo, na Praça do Coração de Jesus, em Fortaleza, na Igreja dos Frades Capuchinhos, numa linda tarde de junho, os sinos badalaram mais fortes, vibrantes, e ecoaram longe, levando uma mensagem de bem, uma mensagem de fé no amanhã. Repicavam com tanta alegria quanto o meu coração que batia acelerado, a caminho do altar. Eu caminhava pela nave da Igreja, de grinalda e véu....
(*) Regina Stella (Fortaleza), jornalista e escritora.
 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Lições do Almanaque Capivarol



Tudo dento dos conformes, como quer o Andre Vargas. É na rede que pega o peixe/eleitor: “Esta discussão do PB e do bebeto sobre quem repousa sua bunda na cadeira, é digna da inteligência das duas excelências”, é Roberto Requião multiplicando com força a grosseria de PB.  “Falem bem ou mal, mas falem”, já ensinava o Almanaque Capivarol, leitura primeira de Vargas, com quase absoluta certeza, e do qual ele deve ter ainda algum exemplar bem guardado. Mesmo amarelecido pelo tempo, contém pérolas da sabedoria popular sempre atuais. Quem possui Capivarol em seus aguardados, com certeza será muito útil nessa pobreza de ideias que campeia por aqui.
Está no Wikipédia: distribuídas em farmácias de todo o país, atendiam não apenas ao público urbano, mas levavam entretenimento também às pequenas cidades e zona rural; as propagandas visavam convencer a tomar suas pílulas, xaropes e elixires, para atender aos apelos de uma publicidade que mostrava as vantagens da boa aparência e corpo saudável. Além disto, por vezes substituíam as cartilhas escolares e serviam de iniciação ao hábito da leitura.Numa desses textos de divulgação do Capivarol, em 1933, lia-se: “Sonhei com Nossa Senhora Aparecida e ela me mostrou um vidro de remédio para a maleita. Graças a Deus minha filha melhorou



sábado, 4 de janeiro de 2014

Sai do palco o ano velho, entra en cena o ano novo !

Feliz Ano Novo!